Nota sobre ser mãe. Uma ode à intuição.

New Baby New Mom

Já partilhei convosco a chegada do meu bébé no Instagram e prometi um post adequado sobre ser mãe no blog, que fizesse justiça aos quatro últimos meses.

É escusado dizer que ser mãe é indiscritível. É um projecto para sempre que não dá para por em pausa. É a melhor versão do “handmade” que conheço, o maior projecto no qual me empenhei e por isso tem o lugar de destaque na minha vida e naturalmente neste blog. 

Os últimos meses foram de uma descoberta enorme para mim e um desafio imensurável. Se em muitos dos meus projectos eu avanço sem receios de uma “tela em branco”, esta nova “tela em branco” ocupa todos os meus pensamentos, preocupações e alegrias. É algo permanente e muito repentino. E relativiza todas as outras coisas na vida excepto as realmente importantes. Dá-nos uma perspectiva do que tem maior valor, daquilo que queremos preservar e onde queremos investir. Esta percepção, ao nível da maternidade, obriga-nos, mais do que tudo, a colocá-la em pratica, sem adiamentos, sem descansos ou procrastinação.

nem baby new mom

Como planeadora que sou, quando descobri que estava grávida tentei preparar-me para tudo. E há coisas para as quais a sociedade nos prepara. Hoje há consultas, exames, livros, cursos e conselhos de todos os tipos. Há outras coisas no âmbito da maternidade em que sinto que há muita coisa escrita mas um vazio enorme de verdadeira informação. Mas acima de tudo nada nos prepara para nos rendermos ao melhor e mais sábio conhecimento de todos: a nossa intuição. E foi precisamente ao ser mãe que percebi que, apesar de tantos anos a estudar, das experiências profissionais, das minhas aventuras em tantas áreas, das minhas explorações feitas à mão, da era da informação em que vivemos, a grande competência que tenho de dominar para ser mãe é no uso da minha intuição. Nenhuma aventura feita à mão me preparou para isso, nenhum livro, nenhum curso ou trabalho, nenhuma experiência de vida, nenhum conselho. Todas estas coisas podem ter-me preparado para ser a pessoa em que me tornei, mas no fim, a competência que mais solicito hoje, diariamente, é a minha intuição. Humana, animal, por vezes difícil de compreender por mim mesma.

É com ela que percebo as necessidades do meu bebé, é com ela que relativizo as montanhas de (des-)informação que me chega diariamente, é ela que me cega de comparações e conselhos vãos. É pela sua medida não universal que meço as vantagens e desvantagens das minhas escolhas, que conheço a singularidade da minha situação de mãe e pessoa, da minha relação com o meu filho face ao resto do mundo. É nela que me apoio quando, mesmo que diferentes ou controversas, as minhas opções se tomam todos os dias.

nem baby new mom

Passaram ja quatro meses da reviravolta de que todas as mães falam por aí. Uma espécie de singularidade incrivelmente generalizada. É certo que não são de descontar as preocupações e os medos permanentes que nasceram para ficar e com os quais tenho ainda de aprender a lidar. Não são de esquecer as horas por dormir que o corpo prontamente dispensa. E todas aquelas coisas de que as mães não falam abertamente porque levantam tempestades de controvérsia. Mas para mim, para cada mãe, há um aspecto singular que afecta todas mas que é incrivelmente diferente para cada uma. É aquilo a que chamamos “uma mudança de vida”. Mas que vai muito além de tomar conta de alguém e esquecer-nos de nós. Porque, a mim, me obrigou a conter-me mais, a recolher-me ainda mais, a conhecer-me melhor para conhecer melhor o meu filho e a fazer um caminho que só eu posso fazer e só eu saberei fazer para ele. São as histórias que só têm intensidade no meu coração, as graças que ele faz de que só eu me rio, as conquistas que só têm valor para mim. É como ver o melhor filme de todos os tempos correr à minha frente e ao qual só eu assisto e tenho acesso, atenta e intensamente, e no qual sou espectadora e interveniente e do qual não quero perder um segundo de cada uma das minhas versões. Uma singularidade generalizada: todas concordamos que sim, mas nenhuma sente senão por si, por dentro, das entranhas.

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