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Há uns tempos ouvi falar de alguém que tem uma única solução para todos os problemas. Não propriamente para os problemas, mas para o reboliço de sentimentos com que estes nos deixam e que é, na maior parte das vezes, contraproducente. E essa solução é uma boa chávena de chá ou infusão. Os ingleses têm muito deste espírito: “Vamos por a chaleira ao lume!” Seja qual for a problemática que esteja à nossa frente…
Se pensarmos, são inúmeras as motivações para perder tempo com um chá aromático, sobretudo quando algo treme no nosso dia-a-dia!
Quando ficamos doentes com gripe, uma infusão de gengibre limão e mel é o melhor remédio. Quando o problema é a rouquidão, um punhado de perpétuas roxas na chaleira faz milagres. Quando a digestão é mal feita resolve-se com algumas sementes de funcho e anis-estrelado. Se o problema é adormecer, uma infusão de verbena, menta e tília é a combinação certeira. Quando estamos em baixo, nada como uma infusão de hortelã-pimenta acompanhada de uma bolacha de chocolate e avelã. Para acompanhar um amigo no lanche da tarde e conversar sobre tudo e mais alguma coisa, um chá preto com bergamota e um pingo de leite é a receita certa. Para para receber uma amiga em casa, para relaxar e por o tricô em dia (nas suas duas versões) um chá branco com arando deixa a fantasia feminina rolar. E o melhor chá a levar numa termos para beber a meio de uma caminhada na natureza durante o outono ou inverno é, sem dúvida, um chá verde!
O poder restaurador, reconfortante de uma chávena de infusão ou chá parece envolto em mitos mas é mundialmente conhecido e implementado desde que o homem se lembra. Não será por acaso, já que o chá é principalmente constituído por água. Ora a água gera em nós a sensação de algo conhecido, de conforto, limpeza, calma (beber exige algum relaxamento na respiração que nos obriga a parar) sendo que esta sensação não é apenas psicológica mas também f´fica porque efectivamente, uma dose de chá dilui e limpa-nos de componentes que nos fazem mal, que estão a mais ou no local errado. Depois há ainda as propriedades curativas das plantas em infusão que, consoante a conjugação, nos fazem sentir melhor. Por fim, o facto de se tomar quente (geralmente), um chá deixa-nos a alma e o corpo igualmente reconfortados e parece cooperar com o nosso termostato, permitindo-nos desviar a energia para outras funções, entre elas, gerir o stress, pensar melhor, limpar o organismo.
Mas ingerir um gole de chá à pressa está a milhas de ter o efeito desejado! É que nesta questão de beber chá, uma parte importante do seu efeito está associada ao ritual que ele envolve, como uma indulgência sem consumismo nem snacks dos quais nos arrependemos no espaço de 5 minutos. Escolher a nossa chávena favorita, escolher o chá apropriado para o momento, aprecia-lo e cheirá-lo enquanto o colocamos no infusor (não é por acaso que deixei de comprar chá em saquetas), esperar que a água entre em ebulição, aguardar 2-3 minutos para que a temperatura da água desça apenas ligeiramente para uma infusão perfeita e depois, aproveitar o aroma na cozinha enquanto esperamos 3-4 minutos para que o chá fique pronto… Depois escolher onde nos vamos recostar e demorar, para por fim beber devagar, pela força da temperatura, e pelo prazer do sabor. Tudo isto exige tempo, o tempo necessário para acalmar, respirar fundo, antes de avançar com atitudes, decisões e voltar à realidade deixando a vida passar ainda que apenas por alguns minutos.
Há quem pense que o slow living é um conceito teórico, que envolve mudanças drásticas na vida de toda a gente e que não se coaduna com o mundo actual. E a verdade é que podemos começar por dar uma oportunidade a uma chávena de chá, e à consciência activa do seu ritual. É a melhor maneira de encarar as festas que se aproximam!
Some time ago I have heard of someone who has a single solution to all problems. Not for the problems themselves, but for the hurricane of feelings with which they can leave us, and which are, in most cases, counterproductive. And this solution is a good cup of tea or infusion. In fact, the English people have much of this spirit: “Let’s put the kettle on!” Whatever problem is ahead of us …
If we think about it, there are countless reasons to have some time drinking an aromatic tea, especially when something shakes our daily life!
When we get sick, an infusion of lemon, ginger and honey is the best practice. When the problem is hoarseness, a handful of globe amaranths in the kettle works its miracles. When digestion is poorly done it can be tranquilized with some fennel and star anise seeds. If the problem is not falling asleep, an infusion of verbena, mint and lime tree is the best combination. When we’re down, nothing like an infusion of peppermint with a chocolate and hazelnut cookie. To meet a friend in the afternoon and talk about a little of everything, a black tea with bergamot (real grey) with a bit of milk is the right recipe. To receive a girlfriend at home to relax and knit, a white tea with a cranberry accentuates the feminine. And the best tea to take in thermic bottles for drinking during a nature walk in the fall or winter is, undoubtedly, a green tea!
The restful, comforting power of an infusion or tea cup seems wrapped in myths but is worldwide known and implemented since history remembers. It will not be by chance, since the tea is mainly constituted by water. Water generates sensation of something known, comfort, cleanliness, calm (drinking requires some breathing relaxation that forces us to stop) and this sensation is not only psychological but also physical because a dose of tea dilutes and cleans us of components that make us ill, that are over produced or concentrated or in the wrong place of our organism. Then there are, of course, the healing properties of infused plants that make us feel better. Finally, the fact that we use to have our tea warm, it leaves our soul and body equally comforted and cooperates with our thermostat, allowing our body to apply that energy on other functions, among them, manage stress, think better, clean the body.
But swallowing a cup of tea in a hurry is miles away of the desired effect! That is because the main effect of drinking tea is associated with the ritual that it involves, as an indulgence without consumerism or bad snacks of which we will regret 5 minutes later. Choosing our favorite cup, the right tea for the moment, enjoying it and smell it while we put it in the infuser (I stopped buying tea in sachets once and for all), waiting for the water to boil, waiting 2 -3 minutes so that the water temperature drops only slightly for a perfect infusion and then, enjoying the aroma in the kitchen while we wait 3-4 minutes for the tea to be ready… Then choosing where we are going to lie down and taking time to finally drink, slowly because of the temperature and the pleasure of taste. All of this requires time, the time it takes to calm down, to take a deep breath, before moving forward with attitudes, decisions, and getting back to reality, letting life goes bye even for just a few minutes.
There are those who think that the slow living is a theoretical concept that involves drastic changes in our the lives and that does not fit the world development. And the truth is that we can start slowly too… perhaps by giving a chance to a nice cup of tea. It is the best way to embrace the next holiday season!