The Tide Pool Notebook Review

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O post de ontem já estava longo! Acho que o entusiasmo me levou e, para variar, eu deixei-me levar. Partilhar convosco as minhas motivações na escolha dos produtos da minha pequena loja online é uma espécie de prova de apreço por quem me segue e uma homenagem à minha obsessão pelo significado de todas as coisas que faço.
Hoje venho apresentar-vos outro ponto de vista: as características do meu Tide Pool Notebook. E não podia falar nisto sem, no entanto, vos falar desta espécie de coleção que estou a desenhar, baseada nas poças de maré, a “Tide Pool Collection”.

Eu sempre vivi perto do mar e, certamente que muitos dos que vivem ou viveram junto ao mar, guardam felizes memórias de infância a explorar as poças de maré quando a maré baixa nos deixava descobrir os tesouros que o mar alto trouxe, de novidade, à zona intertidal. Tal como muitos de vocês, eu lembro-me de explorar as poças à procura de caranguejos, estrelas do mar, algas de cores inesquecíveis e até dos famosos vidrinhos da praia. Há todo um quadro à volta desta recordação que me inspirou a desenhar esta colecção e, em especial, estes pequenos cadernos.
Desde a capa, salpicada com as cores que me recordam o borrifar das ondas que me traziam à face a frescura das gotículas de agua salgada cheia de vida!
A brancura do papel que representa o rebentar das ondas!
Os seres vivos carimbados que me recordam as vidas infinitas que encontrava nas poças de maré, e ainda o esqueleto de um cavalo marinho que a minha mãe guardava religiosamente.
E até as costuras cruzadas que unem todas as peças e que me lembram as redes dos camaroeiros que os mais aventureiros levavam consigo para apanhar polvos.

Este caderno é uma verdadeira concentração sensorial: de texturas, cores, cheiros, imagens e sensações das minhas próprias explorações das poças de maré quando era criança.

Quanto às características do caderno, este é um caderno feito com materiais ideais para quem escreve ou desenha! Perfeito para desenhos numa pausa ao lado do mar ou para as primeiras linhas de um romance!

O caderno tem tamanho A6 e contempla 120 páginas de 90g, perfeitas para escrever e desenhar com diversos tipos de materiais como lápis de grafite, de cor, esferográficas ou canetas de tinta permanente.
A capa é dupla e feita com papel de 200g pintado à mão com aguarela profissional. A capa é ainda estampada com carimbos desenhados e feitos por mim, à mão, e tinta de linogravura!
A lombada é cosida com costuras cruzadas, o mais seguro método de costura, e que permite que o caderno abra completamente na horizontal em qualquer página. Além disso, este tipo de costura tão resistente permite que fique à vista e se usufrua do desenho intrincado criado pelo entrelaçar do fio!
O fio utilizado é de polyester. Eu prefiro sempre fio de algodão, contudo, para o efeito, um fio resistente à quebra é a melhor opção quando se prevê que a pressão gerada pelo abrir e fechar do caderno seja intensa! E para um suporte suplementar das costuras, é aplicada uma camada de cola resistente à água que comprime os blocos uns aos outros e segura as costuras.
Por fim, e mais importante de tudo, foi feito à mão, com muito carinho!

Yesterday’s post was already long! I think the enthusiasm took me away and, for a change, I let myself go. Sharing with you my motivations about my choices regarding the products on my small online shop is like an appreciation for those who follow me and a tribute to my obsession with the meaning of the things I do by hand.
Today I am writing about another point of view: the characteristics of the Tide Pool Notebook. And I could not talk about it without, however, telling you about this “collection” I’m designing, based on the tide pool exploration, the Tide Pool Collection.

I have always lived near the sea and certainly many of you who live or lived by the sea keep many happy memories of your childhood while exploring the tide pools when the low tide let us discover the treasures that the high tide brought to the intertidal zone. Like many of you, I remember exploring the tide pools looking for crabs, starfish, seaweed of unforgettable colors and even the famous rounded pieces of green glass. There is a whole picture regarding this memory that inspired me to design this collection and, especially, these little notebooks.
The cover, sprinkled with the colors that remind me of the spray drops from the waves that hit my face!
The whiteness of the paper that represents the bursting of the waves!
The stamped living beings that remind me of the endless live I found in the tide pools, and still the skeleton of a seahorse that my mother kept religiously.
And even the sewn binding that unites all the pieces and reminds me of the fish nets that the more adventurous people took with them to catch an octopus!

This notebook is a true sensorial concentration: of textures, colors, smells, images and sensations of my own explorations of the tide pools as a child.

As for the characteristics of the notebook, this is a notebook made with materials that are ideal for those who write or draw! Perfect for drawings on a seaside break or the first few lines of a novel!

The notebook is A6 sized and includes 120 pages of 90gsm, perfect for writing and drawing with various types of materials such as graphite, colored pencils, ballpoint pens or fountain pens.
The cover is double and made with 200g paper hand painted with professional watercolors. The cover is also stamped with handmade stamps drawn and linography paint!
The spine is hand stitched using the sewn binding method, the most secure book binding method, that allows the notebook to always lay flat while opened. In addition, this type of stitching is so resistant that you don’t need a hardcover to cover it so you can enjoy the intricate design created by the interlacing of the thread!
The thread used is polyester. I always prefer cotton thread but, for this purpose, a break resistant thread is the best option if you think of the pressure generated by the intense opening and closing of the notebook! And for additional support of the binding, a layer of water-resistant glue is applied to compress the blocks to each other and to hold the binding tight.
Lastly, and most important of all, it was done by hand, with lots of love and care!

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Products on my online shop: a notebook!

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Desde há alguns meses que tenho tido vontade de criar uma pequena loja on-line com alguns produtos feitos à mão, por mim, com os quais vos possa oferecer maior proximidade com as minhas experiências aqui no blog. No fundo, dar-vos a oportunidade de sentir pelos produtos que fazemos, um apreço maior do que aquele que vem de um produto feito em massa. Depois de muito reflectir, de alguns apontamentos no papel, alguns desenhos e pinturas cheguei à conclusão que o primeiro produto que eu queria fazer para vocês era precisamente um caderno inteiramente feito à mão. Porquê? Estou pronta para vos contar a história…

 

Este blog começou com algumas linhas escritas num papel. Não era propriamente um plano mas uma ambição. Eu tinha terminado o meu doutoramento há alguns meses e queria muito escrever “novamente”. Passo a explicar.
Desde que sou pequena que gosto de escrever e inventar histórias. Devo-o a um espaço criado entre duas ou três coisas: a primeira, uma combinação genética favorável; a segunda, muitas histórias ao adormecer; e a terceira, três anos a brincar sozinha. Não vejo isto como algo triste: eu tenho muito boas recordações destes dias. Eu era apenas uma criança silenciosa.

 

Tanto a minha mãe como o meu pai me liam histórias para adormecer quando eu era criança. Tenho vívida a memória de ouvir a minha mãe me ler o livro “A Floresta” ao longo de várias noites. Ainda hoje é o meu favorito da Sophia e revejo-me na Isabel porque, antes da minha irmã nascer, eu brinquei muito tempo sozinha em casa da minha avó. A minha tia costuma dizer que “ela lá se desenrascava”: falava sozinha, entretinha-me a brincar e que ficava lá no meu mundo.
Foi também da minha mãe que herdei o meu amor por livros infantis e o entusiasmo pela imaginação. A primeira vez que li a “Alice no País das Maravilhas” foi a partir de um livro que tinha sido da minha mãe.
Ao meu pai eu pedia sempre a mesma história: “Senhor doutor lá de cima e do senhor doutor lá de baixo” e lembro-me de ter sido ele a ler-me “O Principezinho” pela primeira vez, quando ainda eu não sabia o significado da maior parte do seu conteúdo. Foi do meu pai que herdei um tipo de escrita simples, sem palavras difíceis, mas sobejamente elaborado. Posso escrever durante horas acerca de um alfinete se quiser. Tentem-me.

 

Lembro-me de algumas composições que criei para a escola ou para a escola de dança e que já se perderam no tempo. Algumas porém ainda hoje me atentam a memória: recordo-me de uma que escrevi apenas uma hora antes da aula de dança moderna para a qual tínhamos de escrever uma pequena composição que seria a base para a nossa primeira coreografia. A minha história foi escrita à mão numa folha pautada A4, que preenchi quase completamente com uma caneta BIC. Era sobre uma menina que caía na água de uma nascente e que viria a viajar rio abaixo até ao mar e, finalmente, à areia da praia. Nesse mesmo dia, deixei a minha folha na Sala 3 e nunca mais a vi… era a combinação perfeita da imaginação da minha mãe, da escrita do meu pai e da voz interior que me permitia brincar sozinha horas a fio.

 

Infelizmente, os últimos anos como investigadora retiraram-me alguma flexibilidade na escrita. Não me interpretem mal, escrever uma tese de doutoramento é exigente mas gratificante. Mas apesar do seu grande valor científico e académico, eu não me reconhecia no texto nem nos artigos científicos que dela derivam. Não propriamente nos assuntos e conclusões mas sobretudo no estilo de escrita. Ainda que escrevesse 100 artigos científicos não conseguia concluir que tinha sido capaz de escrever o equivalente a um livro…
Foi nessa altura que tive oportunidade de abraçar um pouco mais intensamente a minha relação com as artes, com os meus hobbies e quis fazer um registo dos meus progressos. O blog foi um bom pretexto para o fazer e com isso escrever “novamente”, ou seja, devolver-me uma escrita mais descontraída, sentida e cheia de entusiasmo que eu já não exercitava há algum tempo.

 

Mais ou menos ao mesmo tempo eu comecei a coleccionar pequenos cadernos para apontamentos que usava para tomar notas de posts, de ideias para escrever, para planear o conteúdo do blog, para apontamentos de pequeno cursos on-line, de workshops de fazer à mão, enfim, na sua maior parte coisas soltas e sem grande relação entrei si. Alguns estão semi preenchidos. Em alguns porém, escrevi autênticas aventuras.
Hoje tenho uma colecção generosa e, aqueles que mais gosto são feitos à mão. Há um com uma dedicatória que acho que nunca vou conseguir usar para “não estragar!” Por isso, há uns tempos atrás, resolvi aprender a fazer os meus próprios cadernos feitos à mão. Achei a experiência muito gratificante e considero que um caderno feito à mão é para mim uma ferramenta de independência. E quando oferecido como presente, um caderno é muito mais do que o seu suporte físico mas sim a promessa de algo original que só depende de quem o recebe. Com um caderno em branco podem fazer-se coisas extraordinárias!

 

Estas são as histórias por trás do primeiro produto da minha loja on-line. Um caderno feito à mão no qual podem também experimentar escrever “novamente”, planear as vossas próximas experiências “handmade” ou registar uma aposta num estilo de vida mais próximo dos recursos naturais. Ou, quem sabe, escrever as notas daquele romance! Nos próximos dias prometo fazer um pequeno review sobre estes cadernos para que possam saber um pouco mais sobre o design, o método de montagem e as suas características.

 

Quanto à loja on-line, não quero, para já, enveredar por uma área preferencial. Tal como no blog, lá vão poder encontrar outros produtos, como por exemplo, estas almofadinhas de aroma estampadas à mão. Vou querer experimentar um pouco de tudo até perceber o que mais me caracteriza mas espero que todos os produtos que criar tenham uma linha homogénea focada na ligação com a natureza, em particular com as exploração autónoma da natureza e as espécies autóctones do nosso cantinho no mundo!

 

Obrigada, desde já, pela vossa visita!

 

For some months now that I wanted to create a small online shop with some handmade products made by me, with which I can offer you more proximity to my experiences here on the blog. I want to give you the opportunity to create a new perspective for the products we make by hand and a greater appreciation for our resources that we can’t achieve with a mass produced product. After much reflection, some notes on paper, some drawings and paintings, I came to the conclusion that the first product I wanted to do for you was a handmade notebook. Why? I’m ready to tell you the story…

 

This blog started with some lines written on a paper. It was not exactly a plan but an ambition. I had just finished my PhD a few months ago and I wanted to write “again”. Let me explain.
Ever since I was little that I like to write and make up stories. I owe it to a space created between two or three things: the first, a favorable genetic combination; the second, many stories while falling asleep; and the third, three years of playing alone.

 

Both my mother and my father read me stories to fall asleep when I was a child. I have a vivid memory of hearing my mother read me the book “The Forest” over several nights. Even today this is my favorite story by Sophia. I also can recognize myself in Isabel because, before my sister was born, I played a lot of time alone at my grandmother’s house. My aunt used to say that I managed to play by myself: I used to talk alone, play alone and be in “my world”. This is not a sad thing! I remember those days happily. I just was a quiet child.
It was also from my mother that I inherited my love for children’s books and the enthusiasm for imagination. The first time I read “Alice in Wonderland” was from a book that had been her’s.
To my father I always asked the same story: “the upstairs doctor and the downstairs doctor” and I remember that he was the one reading me “The Little Prince” for the first time, when I still did not know the meaning of most of its content. It was from my father that I inherited a simple writing style: no difficult words, but superbly elaborate. I can write for hours about a pin if I want. Try me.

 

I remember some drafts that I created for school or for the dance school and that were lost in time. But I still remember one that I wrote just one hour before the modern dance class for which we had to write a small story that would be the basis for our first choreography. My story was handwritten on an A4-sized sheet, which I filled almost completely with a BIC pen. It was about a girl who fell into a water-spring and would travel down the river to the sea and finally to the sand of the beach. That same day, I left my sheet in Room 3 and I never saw it again… it was the perfect combination of my mother’s imagination, my father’s writing, and the inner voice that allowed me to play alone for hours when I was a child.

 

Unfortunately, the last few years as a researcher have taken away some flexibility in writing. Don’t get me wrong, writing a doctoral thesis is demanding but rewarding. But despite of its great scientific and academic value, I did not recognize myself in the text or the scientific articles derived from it. Not regarding the subjects and conclusions but mainly regarding the writing style. Although I could wrote 100 scientific articles, I could not conclude that I had been able to write the equivalent of a book… It’s just not the same.
It was at this point that I had the opportunity to embrace my relationship with the arts and my hobbies a little more intensively and wanted to record my progress. The blog was a good excuse to do so and to write “again”, that is, to give me a more relaxed, felt and enthusiastic writing style that I had not exercised for some time.

 

At about the same time I started collecting small notebooks I used to take notes for posts, ideas for writing, planning content for the blog, notes about small online courses, workshops… In fact, for the most part, loose things without much relation between them. Some notebooks are just semi-filled. In some, however, I wrote some great adventures.
Today I have a generous collection and the ones I like most are handmade. There is one with a dedication that I think I’ll never be able to use to “do not ruin it!” So, a few time ago I decided to learn how to make my own handmade notebooks. I found the experience very rewarding and I consider that a handmade notebook is for me an independence tool. And when offered as a gift, a notebook is much more than its physical support. It’s the promise of something original that only depends on who receives it. With a blank notebook can do extraordinary things!

 

These are the stories behind the first product of my online shop. A handmade notebook in which you can also try writing “again”, plan your next handmade experience or register a bet on a lifestyle closer to the natural resources. Or, who knows, to write the notes of that novel! 
In the coming days I promise to do a little review on these notebooks so that you can know a little more about the design, the method of assembly and its characteristics.

 

As for the online shop, I do not want to go for a preferential area. As in the blog, there you will find other products, such as these handprinted scented cushions. I’m going to try a little bit of everything until I realize what really characterizes me, but I hope that all the products that I create have a homogeneous feeling, focused on the connection with nature, in particular with the autonomous exploration of nature and the autochthonous species of my corner of the world!

 

Thank you for visiting!
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Surprise surprise: my new online shop!

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Finalmente eu tenho uma pequena loja on-line!

Este é um desejo meu desde há algum tempo e finalmente decidi-me a colocá-lo em prática. Andei muito tempo a imaginar que tipo de produtos havia de disponibilizar e de alguma forma acabava sempre por me sentir esmagada pelas possibilidades. Então, há duas semanas atrás eu peguei numa série de materiais aos quais tenho acesso fácil e decidi criar dois produtos simples, mas cheios de significado, que eu adoro e aos quais acrescentei um design muito especial: um caderno e umas almofadas de aroma.

Ns próximos dias irei apresentar-vos os meus produtos: a sua história, as suas características e o processo que tenho de fazer para os fazer à mão a partir de materiais simples!

Para já deixo-vos a usufruir da notícia e a ligar-vos à minha nova loja on-line!

 

Finally, I started my new online shop!

This has been a wish on mine for quite a while and I finally decided that I just have to put it into practice. I wondered a lot about with type of products I should have and somehow I felt overwhelmed about the possibilities. So, two weeks ago I just grabbed some materials I could easily access and decided to create two simple but meaningful products I just adore and add to them a design that I love: a notebook and a set of scented cushions.

On the next days I will present you each one of my products, the story behind them, their characteristics and the process of making them from scratch!

For now I just want you to enjoy the news and link you to my brand new online shop!

 

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Postcrossing: handwritten postcards around the world!


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Uma das coisas que recordo com muito carinho é o tempo em que escrevíamos, todos em geral, à mão. Não estou a falar dos trabalhos da escola mas antes das cartas que escrevia às minhas amigas, às minhas pen-friends, dos postais que enviava nas férias, no Natal, etc. Uma letra limpa e rigorosa era um desafio constante mas também nos dava alegrias e nos motivava a melhorar, a escrever continuamente, a não desistir e a ter alguma fluência de pensamento que, hoje em dia, é facilmente camuflada num texto escrito no computador: ninguém fica a saber os erros que demos, as vezes que nos enganamos nem o “corte e cose” que fizemos para melhorar o nosso texto… ou esconder o que nos vai realmente na alma.
Hoje, na época em que o escrever foi praticamente substituído pelo “clicar”, há até quem considere escrever à mão uma autêntica terapia que nos devolve alguma sensação de autonomia e controlo.
Já tenho vindo a partilhar algumas das minhas experiências de escrever à mão aqui ou aqui, mas a verdade é que, há vários meses que me inscrevi numa rede de troca de postais que tem acalmado um pouco mais estas saudades e que me tem deixado um pouco mais feliz!

O Postcrossing é um projecto mundial originalmente lançado por Portugueses! A ideia do projecto é trocar postais com moradas que nos são atribuídas. Não implica necessariamente manter uma conversa, a não ser que queiramos, posteriormente, fazê-lo. Apenas enviar postais e partilhar um pouco da nossa cultura, dos nossos dias e até dos nossos sonhos! Inicialmente esta vertente “sem compromisso” não me estava a cativar. Não ter nada de especial para dizer, poder enviar um postal apenas com “Olá! Espero que gostes deste postal!” era um pouco estranho mas acho que temos de aceitar que nem todos temos as mesmas ambições em relação ao projecto. Uns pretendem apenas trocar postais porque são coleccionadores! Outros, como eu, vibram com o entusiasmo de receber algo na caixa do correio com um pouco daquilo que nem sempre nos sentimos confortáveis a partilhar com estranhos. Não quero dizer que partilhe coisas da minha vida pessoal que não deva, nada disso. Mas como a maior parte dos utilizadores do projecto têm um perfil com uma pequena biografia e ambições em relação ao projecto, é muitas vezes possível encontrar coincidências connosco ou questões que o destinatário gostava de ver respondidas! Desta forma, acabamos por partilhar um pouco mais de nós do que aquilo que estávamos à espera sem, contuso, comprometer a nossa privacidade. Além disso, tenho apreciado muito a caligrafia e as descrições dos meus correspondentes têm-me feito imaginar um pouco como será viver no seu país!

Nestes meses já recebi postais dos Estados Unidos da America, da Rússia, da Bielorússia, da Itália, do Brasil e da Alemanha. E já enviei para Os Estados Unidos da América, Taiwan, Rússia, Finlândia e Alemanha! É sempre com muito entusiasmo que verifico a minha caixa de correio e posso dizer que todos os postais que recebi têm qualquer coisa de especial pelo que os guardei religiosamente no local onde moram todas as coisas boas.

Quantos mais enviar, maior probabilidade tenho de receber. Mas para não me perder (para enviar um postal gasto aproximadamente 1 euro: cerca de 50 cêntimos no postal e outros 50 no selo) decidi estabelecer que enviaria um mínimo de um e um máximo de três postais por mês!

One of the things I remember very fondly is the time when we all wrote by hand. I’m not talking about school work! I am talking about the letters I wrote to my friends, my pen-friends, the postcards I sent on vacations, Christmas, etc. A clean handwriting letter was a constant challenge but it also gave us joy and motivated us to improve, to write continuously, not to give up and to have some fluency of thought that, nowadays is easily camouflaged in a text written in the computer: nobody will know the mistakes we made, the times we fooled ourselves or the “cut and paste” we did to improve our text… or how we managed to hide what really goes in our souls.
Nowadays writing has been almost completely replaced by the “click”, handwriting is already considered a therapy that gives us some sense of autonomy and control.
I have already been sharing some of my experiences of writing by hand here or here but, several months ago, I have signed up for a postcard exchange network that has calmed down a bit my memories of handwriting and made me a little happier!

Postcrossing is a worldwide project originally launched by two Portugueses! The idea is to exchange postcards with addresses that are assigned to us. It does not necessarily imply holding a conversation, unless we want to do it. Just send postcards and share some of our culture, our days and even our dreams! Initially, this “no commitment” aspect was not captivating me. Not having anything special to say, being able to send a postcard just with “Hello! I hope you like this postcard!“ was a bit strange but I think we have to accept that not everyone has the same ambitions regarding the project. Some just want to trade postcards because they are collectors! Others, like me, vibrate with the enthusiasm of receiving something in the mailbox with a little of what we do not always feel comfortable sharing with strangers. I do not mean that I share things in my personal life that I should not. But since most users of the project have a profile with a small biography and ambitions regarding the project, it is often possible to find coincidences or even questions that the recipient would like to see answered by us! In this way, we ended up sharing a little more of ourselves than what we were expecting without compromising our privacy. Besides, I have been very fond of the calligraphy and the descriptions that my correspondents make to me! This always makes me wonder what it will be like to live in the country and the life they live!

During the past few these months I have already received postcards from the United States of America, Russia, Belarus, Italy, Brazil and Germany. And I already sent to the United States of America, Taiwan, Russia, Finland and Germany! I always check my mailbox with great enthusiasm and I can say that all the postcards I received have something special so I kept them religiously in the place where all good things live.

The more I send, the more likely I am able to receive. But in order not to get lost on this project (to send a postcard I spend about 1 euro: about 50 cents on the postcard and another 50 cents on the stamp), I decided to establish that I would send a minimum of one and a maximum of three postcards per month!

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