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O pastel foi uma técnica que não abordamos no curso de pintura. Tive pena porque sinto que ainda tenho muito que aprender com esta técnica. O mais difícil para mim é, ao contrário do que se poderia esperar, trabalhar com uma paleta em vez de fazer as minhas próprias misturas. Não que não seja possível fazê-las até certo ponto mas o resultado nunca é tão bem conseguido como quando temos exactamente a cor que queremos na nossa paleta.
A minha paleta de pastel foi construída há uns anos atrás quando tinha aulas particulares. O objectivo era ter uma paleta abrangente e os temas eram realistas.
Hoje, depois de alguns anos a experimentar-los, descobri que o pastel é uma técnica que eu adoro usar para quadros de crianças. Há um certo encanto, um certo jeito de ilustração, que o material dá às obras. Como se fosse um pó mágico que ora marca, ora se dispersa, tal e qual a nossa visão sobre as histórias que são ilustradas na memória.
A segunda coisa que descobri é que, apesar de eu ter uma paleta generosa, não estou em posição de a terminar. Já dei por mim a pensar: não era bem esta cor, era um pouco mais intensa. Creio que isto revela algum poder de abstração característico da arte: conseguimos imaginar exactamente a cor que queremos e é um pouco frustrante quando não a temos (ou no caso de outras técnicas de mistura-la). Dou por mim a comparar 6 tons de vermelho escarlate que diferem em décimas de manómetro no comprimento de onda. Preciso por vezes de me chamar à razão.
A terceira coisa que descobri é que, por outro lado, com o pastel sinto que tenho de restringir a minha paleta antes de começar a pintar: se por um lado a minha paleta tem de ser diversa, a verdade é que me sinto muito melhor quando escolho e uso, criteriosamente, apenas uma mão cheia de cores. Parece contraditório mas sinceramente tem revelado resultados muito mais interessantes do que quando tenho toda a paleta disponível.
Pastel is a technique that we did not address in the painting course last year. I was disappointed because I feel that I still have a lot to learn from this technique. The hardest thing for me is, contrary to what you might expect, working with a palette instead of making my own mixes. Not that it is not possible to make them with pastel at least to a certain extent, but the result is never as well achieved as when we have exactly the color we want in our palette.
My pastel palette was built a few years ago when I had private lessons. The aim was to have a comprehensive palette to address realistic themes.
Today, after a few years of experimenting with them, I discovered that pastel is a technique that I love to use for children’s paintings. There is a certain charm, a certain feel of “illustration”, that the material gives to my works. As if it were a magic powder that both lines, are disperses, just like our view of the stories that are “illustrated” in our memory.
The second thing I discovered is that, although I have a generous palette, I am not in a position to consider it finished. I already found myself thinking: “it isn’t quite this color, I want it a little more intense”. I believe that this reveals some abstraction power that is characteristic of art: we can imagine exactly the color we want and it is a little frustrating when we don’t have it (or mix it). I find myself comparing 6 shades of scarlet red that differ in tenths of a manometer in their wavelength value. I sometimes need to call myself to reason!
The third thing I discovered is that, on the other hand, with the pastel I feel that I have to restrict my palette before I start painting: if on the one hand my general palette has to be diverse, the truth is that I feel much better when I choose and use, judiciously, just a handful of colors in a painting. It seems contradictory but honestly it has revealed much more interesting results than when I have my entire palette available.