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O ano passado, por esta altura estava a preparar cuidadosamente o meu primeiro Caminho. A experiência foi tão importante que logo decidimos que gostaríamos de regressar este ano. Por isso, em breve estarei novamente de mochila às costas, e desta vez, porque as lesões são um aviso a ser ouvido, apenas a dois. Não posso deixar de dizer que este último aspecto nos fez ponderar… uma das coisas que o Caminho nos dá é alguma transformação ao nível das relações. Uma equipa é algo que deve ser muito reflectido, ponderado e discutido. Porque a relação entre os envolvidos nunca mais será a mesma. No fim do meu caderno sobre o Caminho Português, eu escrevi que os olhares entre peregrinos são particulares, como se guardássemos um grande e valioso segredo. Há uma compaixão, uma identificação que muda a nossa perspectiva do outro e nos aproxima.
Ora, quando um de nós, tem algum tipo de impedimento, há naturalmente uma nostalgia, um sentimento de perda, uma necessidade inconsciente de querer partilhar e não poder. Por isso, a ponderação é relevante. Apesar da lesão que não nos permitirá estar juntos desta vez, ficou claro que haveria vontade de todos de tentar concretizar o caminho com os restantes. Por isso, à parte as nostalgias, há a responsabilidade de ir e de levar na mochila um pouco mais do que nós mesmos.
A preparação este ano foi muito mais breve, o investimento financeiro foi mais reduzido e talvez porque a preparação também faz parte do caminho, agora, a poucos dias de partir, ainda estou a tentar apanhar o comboio para o estado de espírito com o qual desejo partir. Isto estava a criar alguma ansiedade: onde estava toda aquela concentração? Será que tinha ganho confiança demais após a primeira experiência no caminho? Algo perplexa com este sentimento: deixei de parte a escrita e vesti a indumentária de leitor, a vossa, e vagueei no blog à procura dos posts que escrevi sobre o caminho que percorri o ano passado, de forma a poder inspirar-me.
Confesso que inicialmente o que me apeteceu fazer foi reunir num post toda a minha primeira experiência. Foi tão intensa que recordar deixou-me, no mínimo esperançosa… por outro lado, voltar a pegar neste assunto parecia-me deslocado da possibilidade de uma nova experiência para a qual não tenho expectativas mas que pretendo viver com a abertura do caminho anterior. Assim, em vez de me focar na experiência anterior, venho apenas actualizar a minha perspectiva actual acerca do ponto de situação mental em que me encontro em relação a mais um caminho. E vou fazê-lo em relação aos aspectos que toquei aqui sobre o caminho do ano passado, sem contudo me deixar levar pela comparação ou pela criação de sobre-metas.
Assim, tal como no ano passado, não há propriamente uma história inspiradora que me leve a fazer a peregrinação. Se no ano passado a história foi simples… este ano ainda pior porque esta sensação de que ando atrasada fez-me duvidar de que estivesse tão pronta, decidida como no ano passado. Contudo, quando reflecti na experiência que tive, logo a minha mente despertou exactamente no local e momento em que decidimos que viríamos novamente este ano.
Não há também grandes expectativas, a não ser essa vontade de estar mais próxima de um Caminho natural e pouco frequentado. Porém, aprendi recentemente num podcast acerca do poder das expectativas, que muitas vezes as temos sem as assumir e que isso é o que lidera a concretização dos nossos sonhos: como diz Mark Twain, por vezes é o facto de não sabermos que as coisas são impossíveis que nos coloca à frente a real possibilidade de as concretizarmos. Por isso, embora não leve comigo nada em concreto, eu sei no meu íntimo que levo alguma ambição de pelo menos conseguir concretizar esta jornada tranquilamente.
Este ano, uma das coisas que quis que estivesse mais presente no blog era a proximidade com a natureza. Desde os meus habituais trilhos passando pelas páginas do meu Nature Journal e finalmente pela minha pequena coleção de produtos inspirados na natureza, acho que estou a conseguir concretizar a ambição que partilhei convosco em janeiro deste ano. Portanto, e visto que todos os caminhos são diferentes, resolvemos que gostaríamos de fazer uma variante do caminho mais marcada pela paisagem natural. E depois de ouvirmos alguns testemunhos de confiança, optamos por isso pelo Caminho Inglês a partir de Ferrol, na Corunha. Ao que parece, para além desta característica, é um Caminho menos percorrido pelo que a entrega interior e a paz são mais acentuadas.
No ano passado senti falta dos meus cartões de visita pelo que, este ano, vou levar alguns destes comigo!
A experiência de escrever foi tão gratificante que penso que quero repeti-la. Não sei ao certo o que irei escrever: ha quem opte por tratar alguns assuntos interiores. No ano passado eu preferi absorver o caminho e assentar aquilo que poderia passar despercebido diariamente. Para este efeito, certamente que levarei um nos meus Tide Pool Notebooks!
Ainda estive à procura de novos projectos handmade como este ou este. Contudo, acabei por perceber de que não precisava de mais nada na minha mochila para além destes projectos! O caminho é sobre o despojamento e vi-me obrigada a assumir que já tinha feito todos os projectos handmade que precisava para o caminho e até disso tive de me libertar. Penso que, a seguir a ter de deixar um companheiro, esta é a segunda coisa que mais me está a custar: perceber que tudo tem um limite sensato, até para as minhas idiossincrasias com as coisas feitas à mão.
Desta vez não levamos um guia como este porque não encontrei nenhum bom exemplar do Caminho Inglês. Preparei as etapas cuidadosamente com recurso a alguns testemunhos espalhados pela web e tudo o resto irei descobrir a caminhar!
Estou quase quase pronta para esta nova experiência!
By this time last year I was carefully preparing my first Camino. The experience was so important that we soon decided that we would like to return this year. So, soon I will be backpacking again, and this time, because the injuries are a warning to be heard, there will be only two of us. I can not help saying that this aspect made us consider… one of the things that the Camino gives us is some transformation in relationships. A team is something that should be carefully discussed. Because the relationship between those involved will never be the same. At the end of my notebook on the Portuguese Camino, I wrote that the looks among pilgrims became special, as if we kept a great and valuable secret among us. There is compassion, identification that changes our perspective the other pilgrims and brings us closer.
Now, when one of us has some sort of impediment, there is of course a nostalgia, a sense of loss, an unconscious need to share what we can’t share. Therefore, some wisdom is necessary. Despite the injury that will not allow us to be together this time, it is clear that it is everyone’s will to try to make the Camino work to the rest of us. So, aside from some nostalgia, there is the responsibility to go and carry in our backpack a little more than just ourselves.
The preparation this year was much brief, the financial investment was reduced and perhaps because preparation is also part of the Camino, now, just a few days before leaving, I am still trying to “catch this train” to the state of mind with which I wish leave. This was creating some anxiety: where was all that concentration I had last year? Had I gained too much confidence after the first experience along the Camino? Somehow perplexed by this feeling, I stopped writing and wandered a bit on the blog in search of the posts I wrote about the Camino last year, so that I could be inspired.
I confess that initially what I wanted to do was gather in one post all my first experience. It was so intense that remembering it left me at least hopeful… on the other hand, getting back on this subject seemed that I was trying to displace the possibility of a new experience that I intend to live again. So instead of focusing on my previous experience, I update my current perspective on the mental state about the things I wrote last year. Just that! No comparisons or over-goals.
So, just like last year, there is not really an inspiring story to lead me to make the pilgrimage again. Last year’s story was simple… this year is even worse because this feeling that I’m late has made me doubt that I was as ready to go. However, when I reflected on the experience I had, then my mind was awakened exactly at the time and place where we decided to come again this year. I was ready then, I am ready now!
There are also no great expectations, other than this desire to be closer to a nature. However, I recently learned in a podcast about the power of expectations, that we often have them without assuming them, and that is what leads the realization of our dreams: as Mark Twain says, it is sometimes the fact that we do not know that things are impossible that puts us before the real possibility of realizing them. So although I do not take anything concrete with me, I know in my heart that I have some ambition, some expectation, to at least be able to accomplish this journey quietly.
This year, one of the things I wanted to be more present on the blog was the proximity to nature. From my hiking trails, through the pages of my Nature Journal and finally to my small collection of nature-inspired products, I think I am accomplishing the ambition I shared with you in January of this year. Therefore, since all Caminos are different, we decide that we would like to make a variant of the Camino marked by the natural landscape. And after listening to some reliable testimonies, we opted for the English Way from Ferrol, in A Coruña. It seems that, beyond this characteristic, this variant is less popular among pilgrims and so it is more quiet and peaceful.
Last year I missed my business cards so this year I’m going to take some of these with me!
The experience of writing was so rewarding that I think I want to repeat it. I am not sure what I am going to write: there are those who choose to deal with some inner matters. Last year I preferred to absorb the Camino and write about the things unnoticed. For this purpose, certainly I will take one in my Tide Pool Notebooks!
I’ve still been looking for new handmade projects like this or this one. However, I finally realized that I did not need anything else in my backpack other than these projects! The way is about stripping and I was forced to assume that I had already done all the handmade projects I needed for the Camino and that I really had to free myself from this obsession. I think that, beside having to leave a partner, this is the second thing that is getting more challenging: to realize that everything has a sensible limit, even my idiosyncrasies for things done by hand.
This time we did not take a guide like this because I did not find any good example of the English Way. I have prepared the steps carefully using some testimonies spread over the web and everything else I will discover to walk!
I’m almost almost ready for this new experience!