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Como já se foram apercebendo, tenho uma grande paixão por raposas! As raposas são num ser vivo que suscita emoções muito contrastantes entre os seres humanos. Ora, ao longo de quatro anos, eu estudei a forma como nos relacionamos directa e indirectamente com a biodiversidade e deparei-me com alguns seres vivos que provocam sensações muito fortes. É inequívoco que os artrópodes e os répteis são os senhores do medo! E que os mamíferos e aves são profundamente amados. Mas este padrão vai muito para além dos principias grupos taxonómicos: entre os artrópodes as borboletas são muito apreciadas, assim como as tartarugas entre os répteis; e entre mamíferos e aves, o lobo e o corvo geram apreensão entre muita gente. Apesar de não ter aprofundado especificamente esta relação, fui capaz de reconhecer que as raposas são um ser vivo que gera um grande espectro de sensações. Parece não haver um bom meio termo: há quem as ame, como eu, e quem as odeie! Há muitas razões, sobretudo históricas, para este tipo de percepções contrastantes em relação às raposas e, para mim foi muito emocionante descobrir que havia um bom livro sobre o assunto.
Foxes Unreathed é um livro que conta a história da nossa relação com as raposas ao longo da história e depois actualmente nas suas várias vertentes. O livro escrito por Lucy Jones é uma verdadeira declaração de amor e admiração por raposas e toca os assuntos mais curiosos: desde a forma como as crenças ancestrais, o folclore, as histórias e os meios de comunicação foram capazes de moldar a nossa imagem das raposas; passando pela questão da caça furtiva, controlada, cinegética e de como caçar não tem de estar necessariamente associado à negligência das espécies; e terminando pela tentativa, algo romântica, das aproximações ao homem numa era em que parecemos a cada dia mais distantes da biodiversidade da qual fazemos parte integrante.
É um livro fascinate e sobretudo muito inteligente. Fez-me reflectir e, no fim de todos os argumentos colocados em cima da mesa, amar ainda mais as raposas. Acima de tudo, mais do que tentar influenciar-nos de alguma forma, Foxes Unreathed coloca-nos sob a perspectiva de nós próprios como ser vivo que necessita ter tudo debaixo de controlo e se eleva de forma egocêntrica. Temos a fama de amar animais mas temos muita dificuldade em partilhar espaço com eles. Este livro devolve-nos a proximidade, ainda que apenas virtualmente. Mas pode ser um ponto de viragem na nossa relação com um mamífero que, apesar das dificuldades com que tem atravessado na sua proximidade com o homem, ainda sobrevive na nossa fauna autóctone e é símbolo e referência da biodiversidade Europeia.
As you might already know, I have passion for foxes! Foxes are a living being that arouses very contrasting emotions among humans. Well, over the course of four years, I have studied how we relate directly and indirectly to biodiversity and I have come across some living beings who provoke very strong reactions. It is unmistakable that arthropods and reptiles are the masters of fear! And that mammals and birds are deeply loved. But this pattern goes far beyond the main taxonomic groups: among arthropods the butterflies are much appreciated, as are the turtles among reptiles; and between mammals and birds, the wolf and the raven generate apprehension among many of us. Although I have not studied this case profoundly, I have been able to recognize that foxes are a living being that generates a wide spectrum of sensations. There’s not a middle ground: there are those who love them, as I do, and those who hate them! We can point many reasons, especially historical, for this kind of contrasting perceptions about foxes, and for me it was very exciting to find out that there was a good book on the subject.
Foxes Unreathed is a book that tells the story of our relationship with foxes throughout history and then today in its various subjects. The book written by Lucy Jones is a true declaration of love and admiration for foxes and touches on the most curious subjects: from the way in which the ancestral beliefs, folklore, stories and the means of communication were able to shape our image of foxes; including the hunting paradigm and the acceptation that hunting does not necessarily have to be associated with species neglect; and ending with the somewhat romantic attempt to approach mankind to foxes in an era in which we seem increasingly distant from the biodiversity of which we are an integral part.
It is a fascinating book and above all very intelligent. It made me think, and at the end of all the arguments put on the table, to love the foxes even more. Above all, rather than trying to influence us in any way, Foxes Unreathed puts us under the perspective of ourselves as a living being who needs to have everything under control and rises in an egocentric way. We have a reputation for loving animals but we have a hard time sharing space with them. This book brings us back to this closeness, though only virtually. But it may be a turning point in our relationship with a mammal that, despite the difficulties it has encountered in its proximity to man, still survives in our native fauna and is a symbol and reference of European biodiversity.