(scroll for the English version)
Os quilts fazem parte do meu crescimento interior. Quando era pequena e os via nos filmes não os achava especialmente interessantes. Só quando compreendi a sua origem e significado é que, repentinamente, aquele conjunto de retalhos começou a fazer todo o sentido! E hoje em dia os quilts são algo que me atrai muito, nem tanto pelos desenhos e geometrias a que naturalmente os associados, mas antes pelas histórias que contam e pelo caracter absolutamente feminino que ainda incorporam.
Alias Grace, antes de ser mais alguma coisa, é um romance ficcional escrito pela escritora Canadiana Margaret Atwood e publicado pela primeira vez em 1996. O romance ficciona acerca de dois famosos assassínios no Canadá desencadeados no século XVIII pelos criados da casa, Grace e James, que foram condenados a prisão perpétua e enforcamento, respectivamente. Apesar de se basear nestes factos verídicos, o livro fantasia sobre a tentativa de um psicólogo de ilibar Grace do crime cometido e da forma como ele mesmo se deixa levar pela personalidade cativante de Grace.
Este pode parecer um assunto completamente descabido no âmbito deste blog e sobretudo no que diz respeito a quilts! Mas a verdade é que o livro contém uma metáfora desenvolvida ao longo de toda a narrativa através dos quilts: os quilts como obras em construção, como peças para serem interpretadas, peças que mostram um pouco sobre as mulheres que os fazem e a sua relação com eles. E a metáfora que estes escondem na narrativa ou que pretendem, discretamente, trabalhar são os temas que, naquela época eram também eles vedados, discretos, às mulheres: a união, a diversidade, a liberdade, a segurança.
Tomei conhecimento do livro quando, recentemente, me atrevi numa nova minisérie da Netflix com o mesmo nome. Alias Grace é uma adaptação do livro de Atwood para a televisão e desvenda um pouco da relação que descrevi com os quilts. Contudo, penso que não o terá feito de forma tão intensa quanto a autora o fez no livro e estou, por essa razão, com muita vontade de o ler.
Margaret Atwood é na verdade uma autora que incorpora este e outros lavores femininos como a costura, tricô ou bordado nos seus livros, aproveitando-se destes para introduzir metáforas acerca do ponto de vista feminino da nossa história, em particular do período temporal acerca do qual escreve mais frequentemente, o século XVIII. Infelizmente apenas agora descobri esta autora e pelo que li, este exercício é sobretudo evidente no livro Alias Grace.
Há uma série de artigos escritos acerca desta interação entre os quilts e a narrativa de Alias Grace e, depois da série, até alguns famosos blogs de patchwork se têm dedicado a identificar os padrões introduzidos no livro (e também na minisérie) e esclarecido um pouco da curiosidade das costureiras mais entusiastas que gostassem de os reproduzir!
Não consegui encontrar nenhum exemplar do livro em português pelo que vou procurar boa opção em inglês! Alguma recomendação? Alguém por aí já teve oportunidade de ler o livro ou ver a série?
The quilts are a part of my inner growth. When I was little and I saw them in the movies, I did not find them particularly interesting. It was only when I understood its origin and meaning that suddenly that set of scraps sew together began to make perfect sense! Nowadays quilts are something that attracts me a lot, not only because of the drawings and geometries, but especially for the stories they tell and for the feminine character they still incorporate.
Alias Grace, before being anything else, is a fictional novel written by a canadian writer, Margaret Atwood, and first published in 1996. The novel is a fiction about two famous 18th-century canadian murders realized by two house servants, Grace and James, who were sentenced to life imprisonment and hanging, respectively. Although based on these truthful facts, the book fantasies about a psychologist’s attempt to free Grace from the crime and how he himself gets trapped by Grace’s captivating personality.
This may seem like a completely unreasonable subject within this blog and especially regarding to quilts! But the truth is that the book contains a metaphor developed throughout the narrative about quilts: the quilts as work in process, as pieces to be interpreted, pieces that show a little about the women who make them and their relationship with them. And the metaphor that they hide in the narrative are the subjects that, at the time the narrative takes place, were also closed, discreet, to women: union, diversity, freedom, security.
I heard about the book when, recently, I saw a new Netflix miniseries of the same name. Alias Grace is an adaptation of Atwood’s book for television and unveils a bit of the relationship I described above about the quilts. However, I do not think it has done it as intensely as the author did in the book, and so I am very eager to read it.
Margaret Atwood is actually an author who incorporates this and other feminine works such as sewing, knitting or embroidery in her books, taking advantage of them to introduce metaphors about the feminine point of view of our history, in particular the time period about which she writes more often, the 18th century. Unfortunately, I have just discovered this author and from what I have read, this characteristic is especially evident in the book Alias Grace.
There are a number of articles written about this interaction between the quilts and the narrative of Alias Grace, and after the series. Even some famous patchwork blogs have dedicated some posts to identifying the patterns introduced in the book (and also in the miniseries) to calm the curiosity of the most enthusiastic seamstresses who might want to reproduce them!
I could not find any copies of the book in Portuguese so I’am looking for a good option in English! Any recommendations? Has anyone out there who read the book or saw the series?
2 Comments
Que chatice, já tive que comprar mais um livro 😉
Obrigada pela sugestão! 🙂
Boa Isabel! Eu já o coloquei na wishlist para a próxima encomenda. 🙂