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Hoje é lua nova. Por isso, caso o tempo permita, será uma excelente noite para observar o céu de Inverno. Já vos falei anteriormente que, observar as estrelas é uma das minhas coisas favoritas. E é muito fácil dedicar alguns momentos nas noites de Verão a ver as estrelas. Contudo, perderíamos metade do espetáculo se não repetíssemos o mesmo exercício pelo menos mais uma vez durante o ano. Em particular no Inverno, porque as estrelas no céu, à mesma hora, são diferentes!
Podemos reclamar do frio mas há alguma coisa de incrivelmente confortável em ficar embrulhado numa camisola de lã quente, um gorro, luvas, um excelente cobertor e fazer-nos acompanhar por uma chávena de chá e uma botija de água quente para passar uma ou duas horas a olhar para o céu em pleno inverno. E se o fizermos em boa companhia, pode tornar-se uma experiência inesquecível!
E é precisamente do céu de Inverno que eu gosto mais! As constelações que podemos ver ao inicio da noite dos meses de Inverno contam as mais belas histórias da mitologia grega e “escondem” nublosas e galáxias que podemos mesmo ser capazes de ver a olho nu ou, no máximo com a ajuda de binóculos. A constelação de Orion, por exemplo, é a constelação de Inverno por excelência e é facilmente reconhecível no Zénite pelo teu cinturão de três estrelas: as três-Marias.
Ora desta vez resolvi partilhar convosco aquele que é, para mim, o melhor guia para as estradas do céu. Chama-se “O Roteiro do Céu” e é do incontornável Guilherme de Almeida, para mim, também um excelente comunicador de ciência. O Guilherme é também autor de “O Céu nas postas dos dedos” ou de “Observar o céu profundo”e já trocou alguma correspondência comigo quando fiz duas ou três sinopses dos seus livros.
Não escolhi este livro por acaso. Este exemplar é meu, mas há outro bem antigo em casa dos meus pais, de capa mole com os cantos gastos de tanto uso. Foi a partir dele que o meu pai, bom conhecedor das estrelas no céu e dos segredos do universo, aprendeu de forma autodidata a orientar-se no céu. O seu entusiasmo chegou a ser tanto que acabou por o partilhar comigo que hoje lhe sigo as pegadas. Não era raro que, sobretudo nas noites quentes, ele saísse pela porta da cozinha e se demorasse a sacudir as migalhas da toalha de mesa ou a alimentar os cães. E quando eu o ia chamar lá acabava por ficar colada ao céu também, absorvida naquele quadro de estrelas que, ao longo de milhares de anos, tinha surpreendido as mentes de tantos homens e mulheres. É um quadro que partilhamos com a nossa história, com os nossos antepassados. É das poucas coisas que vemos tal e qual eles viram.
A partir do momento em que estes pensamentos nos alcançam a curiosidade cresce. E é muito natural que o primeiro objectivo seja apenas saber que estrelas ou constelações estamos a observar e, para isso, o Roteiro do Céu, juntamente com algumas Apps, talvez seja até mais do que suficiente! Mas não se admirem se, logo a seguir, quiserem saber um pouco mais sobre as constelações, como se movem no céu, que estrelas são na verdade planetas do nosso sistema Solar, como as distinguir das restantes, quais as estrelas mais próximas da terra, que aglomerado de estrelas foi aquele que observamos no céu a noite passada, quando podemos ver estrelas cadentes, o que são nublosas, como seria soberbo ir ao hemisfério sul só para ver o céu nocturno, etc! E é nesse momento em que, sem darmos por isso, nos vemos completamente absorvidos pelo discurso fácil e cativante que os primeiros capítulos do Roteiro do Céu nos apresentam. Rapidamente compreendemos como tudo funciona, ficamos profundamente tocados pela nossa pequenez e unicidade, agradecidos pela intelig|ência e pelo nosso lugar no mundo. E acima de tudo ficaremos rapidamente prós em identificar as constelações, em prever as horas a que estes aparecem, em identificar planetas no céu e apreciar o seu brilho!
Depois destes capítulos iniciais, cuja leitura teremos necessidade de intercalar com algumas observações, a grande parte do livro dedica-se a disponibilizar mapas de observação tanto para o hemisfério norte e hemisfério sul, e em especial para os vários meses do ano, possibilitando-nos descobrir, a cada mês, coisas novas. Portanto não se admirem se este livro, tal como o do meu pai, começar a apresentar sinais severos de uso e re-uso porque raramente passará mais do que um/dois meses sossegado na prateleira!
Penso que este não será ainda o último post sobre astronomia no blog! Pelo contrário. De cada vez que escrevo acerca deste assunto, assalta-me uma nova ideia para partilhar convosco: as Apps que mais utilizo, as ferramentas que preparo e levo comigo para observar o céu. É que a cada dia que passa reconheço a observação do céu como uma das mais gratificantes actividades de conexão com a natureza, de viver devagar, bem e a custo baixo, usufruindo com sustentabilidade daquilo que a natureza tem para nos oferecer.
Today is new moon. Which is awesome because, if the weather allows, it will be a great night to do a little star gazing! I’ve told you before that observing the stars is one of my favorite things. And it’s very easy to spend a few moments on summer evenings on star gazing. However, we would lose half of the show if we did not repeat the same exercise at least one more time during the year. Particularly in winter, because the stars in the sky, at the same hours, are different from the ones in the summer!
We can complain about the cold but there is something incredibly comfortable about getting wrapped up in a warm wool sweater, a hat, gloves, an excellent blanket and grab a cup of tea to spend an hour or two star gazing right in the middle of winter. And if we do it in the good company of a friend, it can become an unforgettable experience!
And I choose to share this again today because the winter sky is my absolute favourite! The constellations that we can see at the beginning of a winter night tell us the most beautiful stories of about greek mythology and “hide” the coolest nebulae and galaxies that we are able to see with the naked eye (or with the help of a basic binoculars). The constellation of Orion, for example, is “the” winter constellation “par excellence” and is easily recognizable in the Zenith by its three star belt.
I get so excited about this that I decided to share with you the guide I use for years to guide me in the starry sky. Unfortunately you won’t find it in English but someone as recommended this one. What can you say about it? Is it good? I am tempted to buy it but I would like to hear your impressions! The one I am sharing is the one I use the most and is called “Roteiro do Céu” by Guilherme de Almeida that also is, at least for me, an excellent Portuguese science communicator. Guilherme is also the author of “O Céu na ponta dos dedos” and “Observar o céu nocturno” and has already exchanged some correspondence with me when I wrote some synopsis of his books.
I did not choose this book by chance. This copy is mine, but there is another old one in my parents’ house: soft cover with worn edges because of the use. It was from that book that my father, a good knower of the stars in the sky and the secrets of the universe, learned in a self-taught way to orient himself in the sky. His enthusiasm came to be so much that he ended up sharing it with me and today I follow his footsteps on this subject. It was not uncommon for him, especially on hot summer nights, to walk out the kitchen door to get the crumbs off the tablecloth or to feed our dogs, and get distracted and delayed by the stars in the sky. And when I tried to call him, I would end up looking at the sky too! I just get absorbed in that picture of stars that, over thousands of years, had surprised the minds of so many men and women. It is a picture that we share with our history, with our ancestors. It is one of the few things we see as they have seen.
From the moment these thoughts reach us, curiosity grows. And it’s only natural that the first goal is just to know which stars or constellations we’re observing, and for that, a simple guide along with some Apps may be enough! But do not be surprised if, soon after, you want to know a little more about the constellations, how they move in the sky, what stars are actually planets of our Solar system, how can you to distinguish them from the rest, which stars are closest to the earth, what is that cluster of stars that you saw in the sky last night, when can you see shooting stars, where can you see a nebula or a galaxy, how wonderful it would be to go to the southern hemisphere just to see the night sky, etc! And it is at that moment that, without realizing it, we are completely absorbed by the easy and captivating text that the first chapters of the “O Roteiro do Céu” present to us. We quickly understand how everything works, we are deeply touched by our smallness and uniqueness, we are grateful for intelligence and for our place in the world. And above all, we quickly star to identify the constellations, predicting the hours they appear, identifying planets in the sky and appreciating their bright!
After these initial chapters, that we will mix with some observations, much of the book provides observation maps for both the northern and the southern hemisphere, and especially for the various months of the year. This makes it possible for us discover, every month, new things in the sky. So do not be surprised if this book, like my father’s, begins to show severe signs of use because it will rarely rest more than one/two months on the shelf!
I think this will not be the last post on astronomy on the blog! On the contrary. Each time I write about this subject, a new idea gets me about something to share with you. Every day I recognize that star gazing is one of the most rewarding activities of connection with nature, slow living, well being and low cost activities that allow us to enjoy what nature has to offer.