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Este foi o meu primeiro “grande” quilt. Daqueles a sério, com mais de 1m de lado! E eu estava com algum receio. Tinha prometido ao Carlos que o primeiro grande quilt que faria seria para ele e pensado para ele. E decidi que ia fazê-lo para lho oferecer neste Natal. O problema dos presentes de Natal é que por mais que eu quisesse que vocês acompanhassem o crescimento deste quilt, não era suposto eu mostrar muito dele pelo menos enquanto não fosse o momento de abrir os presentes! Não podia estragar a surpresa.
A história deste quilt é engraçada. Baseie-me num quilt queen size de cruzes e encolhi o tamanho dos cortes para ficar com um quilt quadrado com aproximadamente 1,65cm de lado, um tamanho bom para uma manta de sofá que era onde era suposto ser utilizado. Para além disso eu queria algo mais masculino pelo que decidi utilizar sólidos e compensar a cor com um binding/backing mais ousado. A distribuição das cruzes é mais ou menos aleatória, sendo que a sua maior parte envolve dois tons claros e apenas um número muito reduzido de cruzes em tom escuro. A distribuição das cruzes no quilt top fazia-me lembrar um bosque visto de cima, com as diferentes árvores (cruzes) distribuídas aleatoriamente. O tema enquadrava-se perfeitamente na personalidade do Carlos pelo que deixei a ideia evoluir. A partir daí a escolha dos tons foi simples. Optei por três tons de verde que foram escolhidos de forma a lembrarem diferentes espécies de árvores: os carvalhos num tom intermédio, as bétulas com casca clara e depois os pinheiros, mais escassos e em tom mais escuro.
Embora pretendesse que o resultado global fosse um quilt masculino, a minha intuição empurrava-me constantemente para um binding colorido em padrão mais ou menos clássico ou floreado. Foi então que surgiu a ideia de usar o Celestial in dusk Hapi da Amy Butler que, apesar de ser um tecido com inspiração clássica, faz lembrar as tapeçarias europeias com influência exótica dos séculos XVII e XVIII, com uma escolha de cores muito harmoniosa e algo masculina apesar do desenho. Para além disso, o pixel do desenho é de tamanho generoso, fazendo-me lembrar os jogos de consola dos anos 80 que assentam como uma luva ao dono desta manta. Este tecido pareceu-me ter a ousadia e os detalhes necessários sem chocar sobre o tema simples e modesto que havia desenhado para o quilt top.
O resultado foi exactamente o que tinha imaginado e penso que aquele binding lhe deu o toque especial que a manta precisava para criar entusiasmo! Denominei este quilt como “Game in the Woods” (Jogo no bosque).
Já fiz muitos presentes feitos à mão e já comprei outros muitíssimo especiais… Mas nunca um presente me deu tanto prazer! Para muitos uma manta é só um pedaço de tecido feito de retalhos. Mas foi incrível para mim perceber porque razão tanta gente se entrega a elaborá-las com tanto empenho. É que nelas é mesmo possível deixar carimbado muito amor, muitas carícias, muitas palavras, muitos pensamentos, muitas recordações e muitos sonhos. Para mim foi uma experiência muito intensa e gratificante. Tanto que eu acredito realmente que, quando usada, esta manta aquecerá tanto o corpo como o coração e remeterá a imaginação para um bosque sossegado, por entre carvalhos, sobreiros, bétulas e pinheiros, e onde aqui e além se atravessam no nosso olhar e no nosso ouvido as cores e os cantos de melros, felosas e chapins…
This was my first “big” quilt. One for real: over 1m in the side! Ah, ah! And I was so afraid to mess it up… I promised Carlos that the first big quilt I would make would be for him and thought for him. And I decided I was going to do it to offer it for Christmas. The problem with Christmas presents is that, no matter as much as I wanted you see the growth of this quilt, I was not supposed to show you much of it at least until it was time to open the presents on Christmas Eve! I could not ruin the surprise!
The story of this quilt is funny. It was based on a queen size crosses quilt that I shrunk to fit a square quilt with about 1.65cm side, a good size for a sofa quilt (that was where it is supposed to be used). In addition I wanted something more masculine so I decided to use solids and bring enthusiasm with a bolder binding/backing. The distribution of the crosses in the quilt is more or less random, and most of it involves two light tones and a very small number of crosses in a dark tone. The distribution of the crosses on the top quilt reminded me of a forest seen from above with the different trees (crosses) randomly distributed. The theme fit perfectly into Carlos’ personality so I let the idea evolve. From then on the choice of colours was simple. I chose three shades of green to remember different species of trees: the oak trees in an intermediate tone, the birches with light bark and then the pine trees, more scarce and in darker colour.
Although I intended the overall result to be a masculine quilt, my intuition constantly pushed me towards a bright binding in a more or less classic or flowery pattern. It was then that the idea of using Amy Butler’s Celestial in dusk Hapi came up. Despite being a classic-inspired fabric on the European tapestries with exotic influence from the 17th and 18th centuries, it has a very harmonious and somewhat masculine colour choice despite the overall design. In addition, the size of the pixel of the drawings reminded me of the console games of the 80’s, which fits the owner of this blanket like a glove. This fabric seem to have the boldness and the necessary details without hatching over the modest theme that I had drawn for the top quilt.
The result was exactly what I had imagined and I think that the binding gave it the special touch that the blanket needed to create enthusiasm! I named it “Game in the Woods”.
I have already made many handmade gifts, and I have already bought many other very special gifts… But never a gift gave me such pleasure! For many, a quilt is just a piece of patchwork fabric. But it was incredible for me to realize why so many people put so much hard work on them. Because it is possible to stamp on it a lot of love, caresses, so many words and thoughts, memories and huge dreams. It was a very intense and rewarding experience for me. So much that I truly believe that when this quilt is worn, it warms both the body and the heart and sends our imagination to the woods, among oaks, birches and pine trees and where, here and there, we cross our eyes and ears with the colours and sounds of blackbirds, chiffchaffs and tits…