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Eu prometi que o meu caminho tinha de ser feito à minha maneira e um dos pesos que foi na minha balança foi a questão da criatividade que é um dos temas explorados neste blog. E é aqui que entra, entre várias coisas, a minha vieira.
Se há símbolo que identifica os peregrinos a Santiago de Compostela é a vieira.
Hoje é possível encontrar vieiras grandes, bonitas, muitas vezes com a pintura da espada de Santiago a vermelho e que são comuns entre os peregrinos. Eu não ia comprar nenhuma vieira mas dois amigos que fizeram o Caminho algumas semanas antes surpreenderam-me com uma com as características que referi acima. É linda e tem o significado associado à amizade daquelas duas pessoas!
Mas eu não levei uma mas sim duas vieiras. A segunda foi “feita” à mão, por mim.
Bom, idealmente eu apanharia conchas de vieiras na praia…! É uma perspectiva muito romântica mas isso não é um acontecimento regular por aqui sobretudo porque eu queria arranjar vieiras para mim, para os meus companheiros no Caminho e para os amigos que fariam o Caminho antes de mim. Claro que medi as minhas idiossincrasias e cedi à opção mais próxima do ideal: arranjei-as localmente, nos pescadores em Matosinhos. Estas vieiras têm o seu caracter. São mais pequenas e por isso parecem concentrar em algo frágil alguma magia. Não são perfeitas, tal como nós: umas têm manchas no interior, outras têm as abas partidas, mas a verdade é que todas são especiais e todas me atraíram a atenção.
A primeira coisa que tive de fazer foi um furo em cada uma delas para poder enfiar um cordel que me permitisse prendê-las às mochilas. Como o material é frágil, optei por usar uma antiga broca manual do avô Artur e ainda o jeito do Carlos para a utilizar!
Depois, em casa, testei a absorção de vários tipos de tinta em conchas que apanhei na praia e aventurei-me a pintar as vieiras com aguarela, que é também uma técnica que se vem cruzando comigo em momentos e locais especiais.
Não queria um desenho definido, apenas manchas como as que faço regularmente para o blog, com as cores que gostaria de levar no coração. Por fim, escolhi um cordel de algodão e as vieiras ficaram prontas a pendurar!
A experiência foi muito interessante e o resultado lembra-me constantemente a vertente criativa que pesava na minha balança. Além disso sinto que foi um pequeno passo que já fazia parte desta grande caminhada. Por fim, sendo eu um bocado “galinha”, o facto de arranjado vieiras para outros peregrinos também me uniu, de certa forma, ao seu caminho e ofereceu-lhes um pouco do amor, apoio e protecção que um bom amigo espera oferecer.
I promised that I would walk my Camino my way! And one of the weights that was on my scale was the issue of creativity, that is one of the themes explored on this blog. And this is where my scallop comes in, among other things.
If there’s a symbol that identifies the pilgrims to Santiago de Compostela is the scallop.
Today it is very common among pilgrims some beautiful, large scallops, with the symbol of Santiago’s sword painted in red. I was not going to buy those scallops but two friends of mine, who walked the Camino a few weeks before me, surprised me with one of those scallops. It is beautiful and has the meaning associated with the feelings I have about those two friends!
However I decided I will take, not one but two scallops to the Camino. The second one was “made” by me.
Well, ideally I’d pick some scallops on the beach …! It is a very romantic view but this is not a regular occurrence here, mainly because I wanted to get scallops for myself, for my companions and for the two friends who would walk the Camino before me. Of course I measured my idiosyncrasies and went with the closest option to the ideal: I got them locally, in the fishermen in Matosinhos, Porto. These scallops have character! They are smaller and so they seem to retain some magic. They are not perfect, just like us: some have spots on the inside, others have broken tabs, but the truth is that they are all special and all attracted my attention when I was picking them.
The first thing I had to do was punch a hole in each of them so I could thread a string that would allow me to attach them to the backpacks. As the material is very fragile, I chose to use an old hand drill from my grandpa Artur and the skill of Carlos to use it!
Then, at home, I tested the absorption of various types of paint into shells I found on the beach and finally ventured to paint the scallops with watercolor, which is also a technique that has come across me at special moments and places.
I did not want a special design or drawing, just some blurs like the ones I do regularly for the blog, with the colors I would like to carry in my heart. Finally, I chose a cotton string and the scallops were ready to hang!
The experience was very interesting and the result reminds me constantly of the creative side that weighed on my scale. I also feel that it was a small step that was already part of this great journey. Finally, being a bit of a doting friend, the fact that I was able to get scallops for other pilgrims somehow joined me to their Caminos and offered them some of the love, support and protection that a good friend hopes to offer.
2 Comments
Parabens, tao inspiradora. O tempo que dedicaste a tua concha e que a torna tao importante… O tempo, o caminho, a beleza da simplicidade. Obrigada pela partilha.
Obrigada Paula!