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Há uma Magnólia branca no início da Avenida dos Aliados, no Porto, que é uma referência para todos os portuenses. Mesmo ao lado da estátua do Ardina é ela que nos lembra que os dias estão a crescer e que a primavera está para breve, muito breve! É mais ou menos quando a vejo rebentar que começo a notar alterações nos dias. Ela, assim como as inúmeras Camélias que rebentam no fim do Inverno um pouco por toda a cidade, funcionam como um alerta, um lembrete, um post-it na porta do frigorífico. Porque a rotina e os espaços fechados e climatizados em que nos enfiamos constantemente não nos deixam aperceber destas pequenas mudanças no mundo e em nós e às quais nos recusamos a ceder.
O inverno é, sem sombra de dúvidas a estação mais difícil para mim. Por antecipar o inverno, o outono poderia tornar-se deprimente mas é, em vez disso, a estação que mais gosto… é encantador, mágico, fora de série! Mas aquela que me deixa com bichos carpinteiros e vontade de por todos os projectos em prática é a primavera. E, depois de ver as Camélias florirem e a Magnólia coberta de rebentos brancos, é pelo primeiro dia de primavera que mais ansiosamente aguardo, como uma espécie de confirmação de que o inverno vai passar, finalmente. Esse dia funciona em mim como uma espécie de prazo de validade para os dias curtos e frios mas para o qual, ao contrário dos iogurtes ou dos ovos, eu olho com prazer e um sorriso!
Raramente, porém, o primeiro dia de primavera confirma o que quer que seja (assim como o prazo de validade dos iogurtes). Até ao fim de Abril temos um período estranho: ainda não vemos a primavera no seu auge, como se o inverno teimasse em ficar sempre mais um pouco com as suas temperaturas baixas e a chuva, mas temos aqui e ali uns dias quentes que são o bastante para nos por a sorrir durante duas semanas! Mas mais do que a questão do tempo, é a luz sempre crescente que nos cobre de prazer: já não saímos do trabalho ainda de noite e custa menos acordar cedo porque entretanto o Sol já se levantou para nos aquecer o dia. E, aos poucos, os nossos olhos abrem-se para a luz, a escuridão já não nos assusta, é mais provável pormos os pés na terra e os sonhos parecem mais fáceis de concretizar!
There is a white Magnolia at the beginning of the Avenida dos Aliados, in Oporto, which is a reference for all of the residents. Right next to the Ardina’s statue, this tree is the thing that reminds us that the days are growing and spring is coming soon, very soon! It’s more or less when I see it blooming that I start to notice changes in the weather, the light, the temperature. This Magnolia like the countless Camellias that bloom at the end of winter a bit all over the city, are like an alert, a post-it on the refrigerator door which reminds us that winter is almost over. It might be because the routine, the closed and air-conditioned spaces in which we are constantly in place, do not let us realize these small changes in the world and inside us and to which we refuse to yield.
Winter is, without a doubt, the most difficult season for me. Because ir anticipates winter, autumn could become depressing but it’s my favorite season instead: it is charming, magical, amazing! But it’s spring that creates butterflies inside my stomach, and makes me craving to put all my projects in practice. And after seeing the Camellias blooming and the Magnolia covered with white shoots, it’s the first day of spring that I most anxiously await for, as a kind of confirmation that winter will finally end. This day works for me like an expiration date for the short and cold days but for which, unlike yogurts or eggs, I look with pleasure and a smile!
Rarely, however, does the first day of spring confirm anything (as well as the expiration date of an yoghurt). Until the end of April we get stuck on this strange period: we still do not see the spring at its best, as if the winter keeps challenging us with its low temperatures and the rain, but we have here and there some hot days that are enough for us to smile for two weeks! But more than the weather, it’s the increasing daylight hours that involve us in pleasure: we don’t leave work at night anymore and it’s easier to wake up in the morning because the sun has risen to warm the day. And gradually our eyes get open to the light, the darkness no longer frightens us, we are more likely to set goals and dreams seem easier to realize!