Out of Africa

(scroll for the English version)

 

África sempre despertou curiosidade. E toda a gente que vai, jura a pés juntos que tem de voltar. Eu já estive em África e jurei também: eu quero voltar. Não sei se são as paisagens que nos levam o coração, se é saber que foi dali que todos viemos, se é a cultura que é tão diferente mas com detalhes tão parecidos, se é a nossa ligação histórica a muitos países africanos, as palavras portuguesas que se ouvem aqui e ali, os parentes que por lá andaram e ficaram, os amigos que vêm estudar para a europa, a percepção de quão somos pequenos num mundo tão belo por descobrir…

 

Ora, há uns anos, um amigo de Moçambique foi visitar a família e perguntou-me se queria que lhe trouxesse alguma coisa de lá. Eu, eterna amante de tecidos, respondi “capulanas, traz-me capulanas”. Ele sorriu surpreendido por eu saber até o nome de algo tão básico, tão simples na sua cultura…
A capulana não é, contudo algo exclusivamente de Moçambique! Em angola chama-se pano, na Zâmbia kitenge, e existem algumas variantes como a kanga no Quénia que geralmente tem uma inscrição, um provérbio.
A Rosa tem dois posts acerca da história da capulana que podem consultar.
A questão está em que, entre presentes de amigos, visitas e encomendas deparei-me com uma pequena paixão pelos tecidos africanos que, apesar de não definirem a minha inclinação a nível da decoração, etc, estão profundamente marcados por uma conotação emocional que não sei explicar. Entre cortes de tecidos, capulanas de Moçambique e uma Kanga queniana tenho uma pequena colecção que, apesar de ter um grande valor para mim, queria muito usar num projecto especial.
Ninguém melhor que a própria Rosa para me dar ideias. E dentro das mais variadas que encontrei no seu blog e de algumas que me deu há uns anos quando a abordei no blog, aquela que me cativou mais foi a possibilidade de fazer uma colcha de patchwork usando alguns desses tecidos.

 

Ainda não me decidi mas creio que a possibilidade que mais me convence até agora é fazer um quilt no clássico modelo  “Trip arround the world” que consiste num esquema de padrões ou cores concêntricas. Deixo-vos alguns exemplos no meu album “Patchwork” no Pinterest. A minha ideia é esquecer um pouco as contingências dos grandes padrões que os tecidos africanos comportam e valorizar as suas cores. O resultado é difícil de prever sobretudo porque não estou preocupada se os tecidos “combinam” uns com os outros!
Para já estou a tentar coleccionar mais um ou dois de forma a ter quantidade suficiente para cumprir com o modelo. Se tiverem sugestões, alternativas ou ideias para me dar agradeço muito! Deixem nos comentários ou enviem e-mail! Não me importo nada de fazer experiências com bons tecidos mas, pela primeira vez, queria que a experiência corresse mesmo bem!
O provérbio impresso na minha Kanga Queniana diz “kununa kwako hakuniyimi riziki“ que quer dizer “a tua má disposição não vai atrapalhar-me”.

 

Africa has always aroused curiosity among everybody. And everyone who goes, swears to return. I’ve been in Africa and I’ve sworn too: I want to go back. I do not know if it is the landscapes that take our hearts, if we know that it was from there that we all came, if it is the culture that is so different but with such similar details, if it is our historical link to many African countries, the Portuguese words that we hear here and there, the relatives who went there and stayed many years ago, the friends who come to study in Europe, the perception of how small we are in a such a beautiful world…

 

A few years ago, a friend from Mozambique went to visit his family and asked me if I wanted him to bring me anything from there. I, an eternal lover of fabrics, answered “Capulanas, bring me capulanas”. He smiled, he was surprised that I even knew the name of something so basic, so humble in his culture…
The capulana is not, however, exclusively from Mozambique! In angola it is called pano, in Zambia kitenge, and there are some variants such as the kanga in Kenya which usually have an inscription, a proverb impressed.
Rosa has two posts about the history of the capulana that you can read. Unfortunately her blog is in Portuguese…
The point is that, among gifts from friends, visits and orders I came across a small passion for African fabrics that, although they did not define my inclination in decoration, etc, are deeply marked by an emotional connotation that I can’t explain. From cuts of fabrics, several capulanas from Mozambique and a Kenyan kanga, I now have a small collection of african fabrics that, although of great value for me, I really want to use in a special project.
Nobody better than Rosa herself to give me ideas. And within the ones I found on her blog and some that she gave me a few years ago when I approached her on the blog, the one that captivated me the most was the possibility of making a patchwork quilt using some of these fabrics.

 

I have not yet made up my mind but I believe that the most convincing possibility so far is to make a quilt in the classic “Trip arround the world” pattern that consists of a pattern of concentric patterns or colors. I leave you some examples in my “Patchwork” album at Pinterest. My idea is to forget about the contingencies of the great pattern repetitions that African fabrics carry and value their colors instead. The result is difficult to predict especially since I’m not worried if the fabrics “match” with each other.
For now I’m trying to collect one or two more in order to have enough to make the pattern. If you have suggestions, alternatives or ideas to give I will thank you forever! Leave them in the comments area or send me an email! I usually don’t care about making experiences using good or especial fabrics, but for the first time I really want the experience be a success!
The proverb impressed in my Kenyan Kanga says “kununa kwako hakuniyimi riziki“ which means “Your bad mood won’t get on my way”.

You may also like

2 Comments

  1. Posso insinuar dúvidas na tua escolha de projecto? Também adoro capulanas mas prefiro fazer roupa com elas, para inspiração vê os imensos vestidos lindos da sewvee e alguns da rosinmuldoon no instagram. Vi uma vez ao vivo uma saia linda em capulana e desde então fiquei cheia de vontade de fazer uma, um dia quiçá.

    1. Claro que podes! Eu tenho uma peças de roupa em capulana e esta é, sem sombra de duvidas, a área com maior número de projectos disponíveis on-line e para a qual há maior número de fontes de inspiração. Há projectos maravilhosos! A capulana, já por si, dobrada devidamente, permite ser usada como peça de roupa: como saia, blusa ou até vestido! Mas fiquei com muita vontade de fazer algo inovador e as ideias da Rosa Pomar pareceram-me bastante ousadas. Encontrei trabalhos mesmo interessantes com um ar bem descontraído, jovial, despreocupado. Não é fácil combinar os padrões, nem ser-lhes indiferente mas acho que o resultado de uma manta em patchwork pode ser deveras revelador! 😉 Ainda estou a coleccionar padrões, não tenho qualquer decisão acerca do melhor modelo, apenas as ideias que descrevo no post. Até lá, a ideia matura o bastante! Senão, na pior das hipóteses terei tecidos suficientes para uma colecção de verão completa 🙂

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *